A alienação, por vezes, não é um acto precipitado, egoísta ou misantropo. Longe disso. Assumir uma postura de absorção pode ser uma arte curativa, um auto-lobrigar que todo o Ser precisa: um momento de comunhão uterino e ascético; a musicalidade interior, bem como estabelecer o equilíbrio entre o conhecido e o mistério; entre o benigno e o pérfido – o seu próprio juízo e crítica. A harmonia, por assim dizer.
Mas não cairdes na sinagoga de não saberdes alienar-vos no momento certo ou, por justaposição, ides ficar inextricáveis numa desordem Kantiana; num limbo imaginário que jorra discordância e que intelectualmente vos enclausurará num ciclo corrupto e negligente, distorcendo o propósito desta alienação – é a prisão sorumbática intelectual. Esta é uma disfuncionalidade perversa, matreira e convidativa como uma garrafa de uísque de 25 anos que urge ser bebida lenta e amargamente até à última gota – os espinhos de cada rosa.
A alienação, que eu aqui caracterizo, é quase prazenteira mas não vos deliciará. Também não é um dogma, nem um guia moral e muito menos estável, pois comuta-se e decompõe-se em sensações, por vezes sem qualquer padrão ou matematização.