quinta-feira, 1 de agosto de 2013

O Ósculo

Tudo parou. Os carros, as pessoas, o tempo. Nada mais fez sentido e tudo foi esquecido.
Naquele momento só os dois corpos existiam – o mundo pertencia-lhes a eles e só a eles. Com fervor, olharam-se nos olhos e não resistiram – era como se o centro da gravidade estivesse no espaço vazio entre eles, e os atraía louca e apaixonadamente sem qualquer resistência ou impedimento. Tudo parou para assistir àquele momento fantástico e divinal. Os lábios, carnudos e sedentos um do outro, tocaram-se de uma forma nunca antes vista e sentida. Beijaram-se. A adrenalina disparou e sentia-se a milhas de distância as batidas dos dois corações – que agora eram apenas um e só um, como sempre foram. Batiam em uníssono, com afecto e paixão. Era, ao mesmo tempo, um som animalesco, carnal e lascivo, mas também carinhoso e cheio de sentimento. Os corpos, entesados e ardentes, estavam colados um ao outro, bem apertados pelos braços que faziam questão de se entrelaçarem e pelas mãos quem percorriam cada centímetro de pele. Sentia-se a fricção e os tremores sensuais dos corpos mergulhados no prazer carnal, misturado com saudade e desejo.
     Naquele momento divinal e único, as sensações conseguiam ser vistas, cheiradas e sentidas – eram policromáticas como se os corpos tivessem LSD no seu sistema e a banda sonora daquele beijo fossem os Pink Floyd. O ósculo catapultou-os para um outro estado e dimensão. Ela, humedecida de prazer, trincava-lhe o lábio inferior, ele, completamente entesado, tocava-lhe nos seios perfeitos e firmes e ambos desejosos de, em movimentos cadenciados, ser apenas um, como sempre foram. 

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