quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Negritude Existencial

Largaste-me a mão. Partiste.
E eu fiquei embriagado, plangente na solidão do imperecível e lacerante mundo.
Este mundo não me pertence – é glacial, sombrio e repulso.
Dilacera-me os sentidos enquanto eu, cego, finjo não querer saber.
Finjo.
Como dizia o mestre: pensar é estar doente e eu não quero.
Esfaqueia-me, sempre era mais fácil. Esventra-me, arranca-me o coração pois ele não lateja. É um pedaço de carne, sem vida e hediondo.
Caminho. Sem orientação.
O meu corpo tem a forma de um ser mas que, por dentro, é oco como um ataúde.
O brilho inerente à existência consumiu-se, jaz com os meus sentidos na agra dos olvidados.
Estarei morto ou é apenas um hiato que teima em não acabar?
Sinto.
Sinto a figura do nada. E o nada é o que me arruína.

1 comentário:

Carlos Vinagre disse...

Gosto bastante desse texto. Os meus parabéns.